O uso da toxina botulínica com o objetivo de devolver a aparência jovem à pele já está difundido em vários países. Responsável por parte significativa da procura por tratamentos estéticos, a aplicação da substância vai além das questões cosméticas. Sua presença na medicina está associada ao tratamento de pacientes em que seja necessário manter a paralisia em alguns músculos.

No final da década de 1960, o oftalmologista americano Alan B. Scott desenvolveu as primeiras pesquisas com o uso da toxina botulínica tipo A. Inicialmente, a ideia era corrigir problemas de estrabismo, já que a substância tem grande capacidade de induzir a paralisia do músculo extraocular. Os avanços de uso da toxina seguiram e, em pouco tempo, começou a ser usada também para tratamento de alguns casos de paralisia cerebral e incontinência urinária.

Passadas três décadas, seu uso clínico da toxina ainda estava direcionado ao tratamento de doenças. Porém, enquanto utilizavam a substância para tratar as contrações involuntárias do músculo das pálpebras (blefaroespasmo), o casal de médicos canadenses Alastair e Jean Carruthers descobriu que poderia utilizá-la para a diminuição de rugas.

Daí em diante, o composto ganhou espaço nas clínicas de dermatologia e de cirurgia plástica em várias parte do mundo. Somente no Brasil, a cada ano, mais de 300 mil pessoas recorrem ao produto. A quantidade homens e mulheres que utilizam o método para disfarçar as marcas da idade está a frente até mesmo do aumento de mamas, cirurgia plástica preferida pelas mulheres.

Recentemente, a toxina botulínica ganhou espaço junto aos tratamentos médicos de altíssima complexidade. Aliado de neurologistas, urologistas, gastroenterologistas e ortopedistas, também tem seu uso adotado pelos cardiologistas.

Um estudo publicado pela Associação Americana do Coração mostra que, em casos pós-cirúrgicos, quando injetada em pequenas bolsas de gordura que ficam ao redor do coração, a toxina auxilia na prevenção da arritmia cardíaca.

No Brasil, desde 2001 a toxina botulínica é indicada para diminuir a frequência das crises de enxaqueca. A Academia Americana de Neurologia (AAN) e a Food and Drug Administration (FDA) também reconhecem e aprovam a aplicação do produto para esses casos.

Existem ainda outras indicações para uso, como o tratamento de hiperidrose (excesso de suor) em palmas das mãos, plantas dos pés e axilas.

No ramo da odontologia, corrige sorriso gengival e disfunções da articulação temporomandibular (ATM).

A aplicação estética da Toxina Botulínica é um procedimento não invasivo. Com o uso de anestésicos tópicos, é feita de forma injetável. Na área estética, está diretamente relacionada à diminuição das rugas entre as sobrancelhas, nas linhas de expressão ao redor dos olhos (pés de galinha) e em todas as outras rugas que se evidenciam quando sorrimos ou franzimos a testa. Nestes casos, o efeito da aplicação dura de quatro a seis meses.

Ainda em relação a seu uso estético, desde que realizado por um profissional capacitado, dermatologista ou cirurgião plástico credenciado, a aplicação da toxina botulínica é um procedimento seguro. Mas, algumas pessoas podem apresentar intolerância ao princípio ativo do composto e desenvolverem reações alérgicas.